A secretária do Tesouro, Janet L. Yellen, disse na terça-feira que instou pessoalmente o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, de Israel, a aumentar o envolvimento comercial com a Cisjordânia, argumentando que isso era importante para o bem-estar económico tanto de israelitas como de palestinos.
O apelo de Yellen foi descrito em uma carta que ela enviou a Netanyahu no domingo. Representou a sua expressão pública mais explícita de preocupação sobre as consequências económicas da guerra entre Israel e o Hamas. Na carta, disse Yellen, ela alertou sobre as consequências da erosão dos serviços básicos na Cisjordânia e apelou a Israel para restabelecer as autorizações de trabalho para os palestinos e reduzir as barreiras ao comércio na Cisjordânia.
“Estas acções são vitais para o bem-estar económico tanto dos palestinianos como dos israelitas”, disse Yellen numa conferência de imprensa no Brasil antes de uma reunião de ministros das finanças do Grupo dos 20 países.
A carta foi apresentada no momento em que o gabinete da Autoridade Palestiniana, que administra parte da Cisjordânia ocupada por Israel, apresentou a sua demissão na segunda-feira, na esperança de que pudesse reformular-se de uma forma que lhe permitisse potencialmente assumir a administração de Gaza após a guerra aí termina. As negociações entre Israel e o Hamas também estão sendo retomadas no Catar esta semana, enquanto mediadores daquele país, juntamente com os Estados Unidos e o Egito, trabalham em um acordo para libertar alguns reféns mantidos pelo Hamas em Gaza em troca da concordância de Israel com uma cessação temporária. fogo.
Altos funcionários do governo Biden têm tentado mediar uma resolução para o conflito em Gaza, que as autoridades de saúde dizem ter matado aproximadamente 29.000 palestinos. A Sra. Yellen tem-se concentrado em grande parte em acompanhar as implicações económicas da guerra e em gerir as sanções que o Departamento do Tesouro impôs ao Hamas e àqueles que estão envolvidos na sua rede de finanças.
Embora a administração Biden esteja preocupada com a crise humanitária que se desenrola em Gaza, está cada vez mais preocupada com o facto de a agitação económica na Cisjordânia poder alimentar a violência e deteriorar ainda mais os padrões de vida naquele país. A guerra já teve um impacto negativo na economia de Israel, que contraído em quase 20 por cento no quarto trimestre do ano passado.
A carta da Sra. Yellen enfatizou as medidas que os Estados Unidos tomaram para perturbar as redes financeiras do Hamas e como Israel beneficia de uma Cisjordânia economicamente estável. Ela também disse que a suspensão das licenças para trabalhadores da Cisjordânia levou a um desemprego significativo, ao mesmo tempo que prejudicou a economia de Israel.
O secretário do Tesouro apelou a Israel para garantir que as receitas fiscais cheguem aos palestinianos na Cisjordânia.
Desde o brutal ataque do Hamas a Israel, em 7 de Outubro, o governo israelita tem retido receitas fiscais que arrecada em nome dos palestinianos. Tradicionalmente, esse dinheiro tem sido distribuído de volta à Autoridade Palestiniana, que o utiliza para financiar o seu orçamento operacional. Israel já congelou e depois libertou essas receitas fiscais durante períodos de conflito com os palestinianos.
O conselheiro de comunicações de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, disse no mês passado que o presidente Biden discutiu com Netanyahu a necessidade de garantir que as receitas fiscais estejam disponíveis para pagar os salários das forças de segurança palestinas na Cisjordânia.
Yellen disse na terça-feira que estava encorajada com o fato de as receitas estarem começando a chegar à Cisjordânia. Esse dinheiro começou a fluir após um acordo entre autoridades israelenses e palestinas no início deste mês usar a Noruega como intermediário temporário para transferir os fundos fiscais que Israel congelou.
“Os Estados Unidos instaram o governo israelita a libertar as receitas de desalfandegamento à Autoridade Palestiniana para financiar serviços básicos e reforçar a economia na Cisjordânia”, disse Yellen. “Congratulo-me com a notícia de que um acordo foi alcançado e os fundos começaram a fluir. Isso deve continuar.”
O secretário do Tesouro disse que a guerra em Gaza ainda não teve um impacto significativo na economia global. Os Estados Unidos, disse ela, continuam a explorar formas de levar ajuda a palestinianos inocentes e de fortalecer a economia da Cisjordânia.