Home Saúde Ucrânia aumenta a produção de munição enquanto a guerra esgota a oferta global

Ucrânia aumenta a produção de munição enquanto a guerra esgota a oferta global

Por Humberto Marchezini


Presidente Luiz Inácio Lula da Silva em visita à Casa Branca no início deste ano.Crédito…Sarah Silbiger para o New York Times

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, apresentou seu país como um pacificador na guerra da Rússia com a Ucrânia. Mas agora ele parece ter aceitado que nenhum dos lados está pronto para depor as armas tão cedo.

O Brasil “está tentando encontrar uma maneira de usar a palavra paz”, disse ele a correspondentes estrangeiros durante um café da manhã na quarta-feira. Mais tarde, referindo-se ao presidente Volodymyr Zelensky da Ucrânia e ao presidente Vladimir V. Putin da Rússia, ele disse: “Por enquanto, ambos estão naquela fase em que ‘vou vencer, vou vencer, vou vencer’”.

O Brasil – a maior nação da América Latina, que há muito segue uma política externa de neutralidade – acredita que está bem posicionado para ajudar a pôr fim à guerra. O Sr. Lula disse que as autoridades brasileiras tiveram conversas com os seus homólogos na China, Índia, África do Sul e Indonésia, bem como em outros países da América Latina e da África, sobre intermediação de negociações de paz.

Ele disse que fez de seu principal assessor de política externa, Celso Amorim, seu “enviado especial de guerra” e o despachou para reuniões com Putin em Moscou e Zelensky em Kiev.

E impediu o Brasil de vender qualquer arma que pudesse acabar sendo usada na guerra.

Mas nenhum desses esforços rendeu muito progresso, disse ele.

Mesmo assim, o Brasil não desiste. Amorim, que participará remotamente de uma reunião sobre o plano de paz da Ucrânia agendada para sábado na Arábia Saudita, disse em entrevista na quarta-feira que sua estratégia é respeitar tanto a Ucrânia quanto a Rússia, mesmo que uma invada a outra.

“A integridade territorial dos Estados deve ser respeitada”, disse ele. “As preocupações de segurança, incluindo as da Rússia, também devem ser respeitadas por todos.”

Amorim disse acreditar que o Brasil tem mais influência com a Rússia do que com a Ucrânia, em parte por causa de seu lugar em um bloco conhecido como BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

A China, disse ele, já ajudou a conter a retórica de Moscou sobre armas nucleares. Ele disse que os Estados Unidos também podem desempenhar um papel fundamental em persuadir a Ucrânia a buscar a paz.

A posição do Brasil de que as preocupações da Rússia devem ser ouvidas frustrou a Ucrânia e seus aliados ocidentais. Quando uma reunião planejada entre o Sr. Lula e o Sr. Zelensky nos bastidores da Cúpula do Grupo dos 7 no Japão em maio falhou, os líderes culparam um ao outro.

O Sr. Lula disse que a Rússia e a Ucrânia causaram a guerra. E o Sr. Zelensky criticou o apelo do Sr. Lula para negociações de paz, dizendo que o líder do Brasil só quer ser “original.”

Mas Zelensky pareceu encorajar a melhoria das relações recentemente, quando sugeriu que o Brasil sediasse uma cúpula para nações latino-americanas da qual a Ucrânia pudesse participar.

Amorim, principal assessor de política externa do Brasil, disse que o Brasil receberia Zelensky para uma visita – mas não realizaria reuniões para ele.

“O Brasil não precisa ser palco para ninguém, nem para Zelensky, nem para Putin”, afirmou. “Queremos a paz, queremos que o povo ucraniano viva em paz, que acabe com a guerra da qual são as principais vítimas. Mas para isso também temos que ter credibilidade com o outro lado.”

Paulo Motoryn relatórios contribuídos.



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