A Suprema Corte do México descriminalizou o aborto em todo o país na quarta-feira, em uma decisão abrangente que se baseia em uma decisão anterior que dá às autoridades autoridade para permitir o procedimento estado por estado.
A decisão do tribunal torna efectivamente o aborto legalmente acessível em todos os 32 estados do país, contra apenas 12 estados. A decisão no México, um país predominantemente católico com 130 milhões de habitantes, mostra como as nações da América Latina estão a assumir um papel de liderança na ampliação dos direitos reprodutivos.
Além do México, países como Colômbia, Argentina, Uruguai e Guiana tomaram medidas para legalizar ou descriminalizar o aborto. A tendência regional contrasta com a dos Estados Unidos, onde a anulação do caso Roe v. Wade pelo Supremo Tribunal, em 2022, colocou o país entre um pequeno grupo de nações, tornando mais difícil para as mulheres interromper a gravidez.
A Suprema Corte do México, em um breve declaração ao anunciar a decisão, disse que penalizar o aborto era “inconstitucional” e “viola os direitos humanos das mulheres”.
A decisão do tribunal também reflecte mudanças profundas na sociedade mexicana e em algumas das suas instituições. Grande parte do México continua a ser culturalmente conservadora, mas décadas de activismo feminista remodelaram a forma como muitas pessoas no país pensam sobre os direitos das mulheres. Reprodutivo grupos de direitos humanos também lutaram para que os casos de aborto fossem julgados pela Suprema Corte.
Ao mesmo tempo, o Supremo Tribunal perdeu alguns juízes conservadores, e o presidente do tribunal, Arturo Zaldívar Lelo de Larrea, que foi criado por pais católicos praticantes, emergiu como um defensor inesperado do direito ao aborto.