A Anheuser-Busch InBev, gigante global da fabricação de cerveja, divulgou na quinta-feira uma queda acentuada nas vendas e nos lucros nos Estados Unidos, ao contabilizar o custo de um boicote conservador à Bud Light após a colaboração da empresa com um influenciador transgênero.
A Anheuser-Busch disse que sua receita nos Estados Unidos caiu mais de 10% no último trimestre, em relação ao mesmo período do ano passado, “principalmente devido ao declínio do volume da Bud Light”. O lucro operacional na unidade dos Estados Unidos caiu quase 30%.
Bud Light enfrentou uma reação de comentaristas conservadores e celebridades depois que Dylan Mulvaney, um influenciador transgênero, postou uma promoção para a cerveja nas redes sociais em abril. A Anheuser Busch posteriormente colocou alguns executivos de marketing de licença e anunciou demissões em seus escritórios corporativos.
A Bud Light foi destronada pela Modelo Especial como a cerveja mais vendida no varejo nacional em junho. A Constellation Brands, que vende a Modelo nos Estados Unidos, registrou um crescimento de 7,5 por cento nos volumes de cerveja em seu trimestre mais recente, encerrado em 31 de maio, em comparação com o mesmo período do ano passado. O volume geral da Anheuser-Busch, que também vende Beck’s, Michelob, Stella Artois e muitas outras marcas, caiu mais de 1% nos três meses até junho.
A Bud Light vem perdendo participação de mercado por causa da reação. A Anheuser-Busch observou, no entanto, que a participação nas vendas de suas marcas nos Estados Unidos se estabilizou no final do trimestre.
As vendas das outras cervejas do conglomerado, em outros países, ajudaram a impulsionar seus resultados, com a receita total no último trimestre crescendo pouco mais de 7 por cento e uma medida de lucro ganhando 5 por cento, superando as expectativas dos analistas. A empresa, sediada na Bélgica, reiterou sua previsão de crescimento de lucro de até 8 por cento neste ano, em parte porque vem aumentando os preços. O preço de suas ações subiu 4% nas negociações europeias.
Manter sua previsão de lucro “deve fornecer alívio aos investidores que estão esperando nos bastidores para ver se a situação da Bud Light levaria a uma redefinição das expectativas”, escreveram analistas do Morgan Stanley em um relatório de pesquisa. Eles avisaram que o “golpe total” dos problemas da Bud Light apareceria no próximo relatório trimestral da empresa.
As vendas no varejo de Bud Light caíram até 42% em algumas áreas metropolitanas dos EUA, no período de quatro semanas encerrado em 22 de julho, segundo dados da Nielsen IQ analisados pela consultoria Bump Williams. Os clientes de bares e restaurantes também pediram Bud Light com menos frequência, reduzindo as vendas em 34% no último trimestre, segundo dados do Union, um sistema de pedidos usado em mais de 1.000 bares e restaurantes em 34 estados.
A Bud Light perdeu o primeiro lugar nesses estabelecimentos, caindo para o quarto lugar, atrás de Miller Lite, Michelob Ultra e Coors Light, segundo o Union.
A Molson Coors, dona da Coors Light e da Miller Lite, divulgou na terça-feira recorde de vendas trimestrais e um grande salto nos lucros. O executivo-chefe da empresa, Gavin Hattersley, disse a analistas que, no segundo trimestre do ano passado, a Bud Light vendeu mais do que a Coors Light e a Miller Lite juntas. No segundo trimestre deste ano, disse ele, a Coors e a Miller acumularam 50% a mais em vendas do que a Bud Light.