O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, atraiu a ira das autoridades israelenses no domingo depois de comparar as ações de Israel na guerra contra o Hamas ao Holocausto, no qual os nazistas mataram seis milhões de judeus em uma batida sistemática na Europa durante a Segunda Guerra Mundial.
“O que está a acontecer na Faixa de Gaza com o povo palestiniano não tem paralelo noutros momentos históricos”, disse o Sr. Lula disse aos repórteres durante a 37ª Cúpula da União Africana em Adis Abeba, Etiópia. Mas, acrescentou, “existia quando Hitler decidiu matar os judeus”.
No discurso de abertura da cimeira no sábado, ele disse que era necessário condenar tanto os ataques do Hamas contra civis israelitas como “a resposta desproporcional de Israel”. O Ministério da Saúde de Gaza afirma que mais de 28 mil palestinos foram mortos na invasão de Gaza por Israel, após o ataque liderado pelo Hamas em 7 de outubro contra Israel, que matou mais de 1.200 pessoas, segundo autoridades israelenses.
A declaração de Lula indignou as autoridades israelenses. O ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, disse em um declaração nas redes sociais em hebraico que os comentários eram “vergonhosos e flagrantes”. Ele disse que o embaixador do Brasil será chamado ao seu gabinete na segunda-feira para uma “repreensão”, acrescentando que “ninguém prejudicará o direito de Israel de se defender”.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, de Israel, ecoou esses sentimentos em sua própria postagem nas redes sociais. Netanyahu acusou o presidente do Brasil de “banalizar o Holocausto e tentar prejudicar o povo judeu e o direito de Israel de se defender” e disse que “comparar Israel ao Holocausto nazista e a Hitler é cruzar uma linha vermelha”.
Netanyahu acrescentou numa declaração separada que Lula “desgraçou a memória dos seis milhões de judeus assassinados pelos nazis e demonizou o Estado judeu como o mais virulento anti-semita”.
O Hamas, em comunicado nas redes sociais, acolheu favoravelmente os comentários do presidente brasileiro e expressou apreço pela comparação entre o Holocausto e os atuais combates em Gaza.
O presidente do Brasil condenou inicialmente o ataque liderado pelo Hamas em 7 de outubro, mas desde então tem criticado a resposta de Israel. Em novembro, ao dar as boas-vindas a um voo com cerca de 30 pessoas que saiu de Gaza através do Egito com a ajuda do governo brasileiro, ele condenou o impacto da guerra sobre os civis, dizendo: “Nunca vi uma violência tão brutal e desumana contra inocentes. pessoas.”