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Por que Charter e Disney estão brigando e o que isso significa para os espectadores

Por Humberto Marchezini


Superficialmente, a disputa é sobre quanto a Disney pode cobrar da Charter por seu conteúdo e quanto os clientes da Charter pagarão pelo acesso aos aplicativos de streaming da Disney. Mas também poderia ter consequências mais amplas. Charter e Disney são dois dos maiores players nos setores de TV a cabo e TV e discordam sobre a melhor maneira de distribuir filmes e programas de TV em uma época em que a audiência tradicional está diminuindo e o streaming está aumentando.

Brigas entre empresas de TV a cabo e provedores de conteúdo acontecem o tempo todo. Empresas de mídia como a Disney geralmente querem cobrar mais por seu conteúdo, e provedores de TV a cabo como a Charter estão tentando minimizar seus custos em um momento de declínio de assinantes. Até que um acordo seja alcançado, os canais de TV muitas vezes ficam ocultos nos provedores de TV a cabo e via satélite por dias ou semanas seguidas, frustrando os telespectadores que acreditam que não estão fazendo valer o seu dinheiro.

Charter está posicionando o apagão dos canais da Disney, incluindo a ESPN, como uma luta pelo futuro da TV. A empresa tomou a atitude incomum de agendar uma coletiva de imprensa para a manhã de sexta-feira para definir sua posição, dizendo que tentou e não conseguiu persuadir a Disney a concordar com um “acordo transformador” que combinaria pacotes de TV tradicionais e assinaturas de aplicativos de streaming. A Disney disse que “propôs maneiras criativas de disponibilizar os serviços diretos ao consumidor da Disney para seus assinantes da Spectrum TV”.

A Disney respondeu à Charter na sexta-feira, culpando a empresa de TV a cabo por se recusar a firmar um novo acordo que “reflete os termos baseados no mercado”. A Disney também disse em comunicado que gastou bilhões de dólares em seus serviços de streaming, que incluem Disney+ e ESPN+, e que a Charter queria distribuí-los gratuitamente aos seus assinantes.

“As ações da Charter são um desserviço aos consumidores antes do início da temporada de futebol universitário nas redes ABC e ESPN”, disse a Disney em comunicado.

Até que a Disney e a Charter cheguem a um acordo, os canais de TV da empresa, incluindo a ESPN, ficarão escuros para os 15 milhões de pessoas que assinam o serviço Spectrum da Charter. Para muitos, isso significará nenhum acesso ao torneio de tênis do Aberto dos Estados Unidos, nenhum futebol universitário na ESPN e nenhum desenho animado nas manhãs de sábado como “Bluey” no Disney Channel.

Ainda assim, os espectadores têm algumas alternativas. Grande parte da biblioteca de conteúdo da Disney está disponível no Disney+, o que significa que os espectadores dispostos a pagar uma taxa mensal podem contornar partes do apagão da TV a cabo. E serviços de streaming como o YouTube TV ainda transmitem a rede ABC e sua cobertura do Aberto dos Estados Unidos.

Há uma chance de que, com os canais da Disney no Spectrum escurecendo, os clientes da Charter cancelem suas assinaturas e optem por alternativas. Mas esse é um risco que a Charter demonstrou estar disposta a correr, especialmente à medida que os seus negócios transitam do cabo para assinaturas de produtos como Internet de banda larga e serviços sem fios.



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