As rãs, salamandras, tritões e outros anfíbios do mundo continuam em sérios apuros.
Uma nova avaliação global descobriu que 41% das espécies de anfíbios que os cientistas estudaram estão ameaçadas de extinção, o que significa que são vulneráveis, ameaçadas ou criticamente ameaçadas. Isso representa um aumento em relação aos 39% relatados na última avaliação, em 2004.
“Os anfíbios são os animais mais ameaçados do mundo”, disse Junjie Yao, da Duke University, pesquisador de sapos que não esteve envolvido no estudo. “Sua biologia única e pele permeável os tornam muito sensíveis às mudanças ambientais”.
O estudo, publicado quarta-feira no diário Natureza, descobriram que a perda de habitat devido à expansão da agricultura e da pecuária é a maior ameaça aos anfíbios em todo o mundo. Mas uma percentagem crescente de espécies de anfíbios também está agora à beira do abismo devido a novas doenças e às alterações climáticas, concluiu o estudo.
Os anfíbios são animais especialmente vulneráveis. Eles têm estágios de vida distintos, cada um deles muitas vezes exigindo habitats separados, de modo que podem ser perturbados por mudanças nos ambientes aquáticos ou terrestres, disse o biólogo Michael Ryan, da Universidade do Texas, que não esteve envolvido no estudo.
Eles também correm risco por causa de sua pele delicada. A maioria dos anfíbios absorve oxigênio para respirar pela pele e, portanto, não possuem escamas, penas ou pelos para protegê-los. A poluição química, as bactérias e as infecções fúngicas afectam-nos rapidamente, tal como as oscilações acentuadas nos níveis de temperatura e humidade devido às alterações climáticas.
Por exemplo, as rãs são geralmente noturnas. Se estiver muito quente, eles não sairão nem à noite porque perderiam muita água pela pele, disse Patricia Burrowes, coautora do estudo e pesquisadora do Museu Nacional de Ciências Naturais de Madri. Mas permanecer em locais de descanso protegidos limita a capacidade das rãs de comer e procriar.
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Juan Manuel Guayasamin, biólogo de sapos da Universidade São Francisco de Quito, Equador, disse que os avanços na tecnologia para rastrear animais e variações climáticas permitiram que o novo estudo usasse dados muito mais precisos do que a avaliação de 2004.
“Temos uma compreensão muito melhor de alguns riscos”, disse Guayasamin, que não esteve envolvido no relatório.
O estudo identificou as maiores concentrações de espécies de anfíbios ameaçadas em vários hotspots de biodiversidade, incluindo as ilhas das Caraíbas, os Andes tropicais, Madagáscar e Sri Lanka. Outros locais com grande número de anfíbios ameaçados incluem a Mata Atlântica do Brasil, o sul da China e o sudeste dos Estados Unidos.