Um relatório da Administração Federal de Aviação divulgado na segunda-feira encontrou falhas na cultura de segurança da Boeing, ao mesmo tempo que observou que o fabricante do avião fez algumas melhorias desde dois acidentes fatais envolvendo o jato 737 Max 8 em 2018 e 2019.
O relatório, escrito por um grupo de especialistas reunido há um ano a pedido do Congresso, concluiu que havia uma “desconexão” entre a alta administração e outros funcionários da Boeing. A empresa, concluiu o painel, tem sido por vezes “inadequada e confusa” na forma como põe em prática a sua cultura de segurança.
Num comunicado, a FAA disse que iria “iniciar imediatamente uma revisão completa do relatório” e tomar medidas de acordo com as suas recomendações, conforme apropriado.
“Continuaremos a manter a Boeing no mais alto padrão de segurança e trabalharemos para garantir que a empresa atenda de forma abrangente a essas recomendações”, disse a agência.
A Boeing disse num comunicado que apoiava a revisão do painel e tomou “medidas importantes” para melhorar a sua cultura de segurança, embora reconhecesse que “há mais trabalho a fazer”.
Novas preocupações sobre a cultura de segurança da empresa surgiram no mês passado, depois que um painel foi aberto em um avião Boeing 737 Max 9 durante um voo da Alaska Airlines. O novo relatório da FAA não faz referência a esse incidente, mas o Conselho Nacional de Segurança nos Transportes disse que o painel, conhecido como plugue de porta, no avião do Alasca parece estar faltando parafusos críticos para mantê-lo no lugar.
O painel da FAA emitiu 53 recomendações, com base na análise de milhares de páginas de documentos da Boeing e em mais de 250 entrevistas. As recomendações incluem instar a Boeing a comunicar melhor e definir a linguagem que utiliza para reforçar a segurança e a fazer mais para convencer os funcionários de que o seu anonimato será protegido quando reportarem preocupações ou problemas.
Internamente, a Boeing tem incentivado os funcionários a serem proativos na proteção da segurança e de outros princípios valorizados pela empresa, instando-os a “procurar, falar e ouvir”. Mas o painel concluiu que houve “pouca ou nenhuma atenção dada para procurar ou ouvir”.