Home Saúde Como dois empresários irlandeses quase conquistaram a Nigéria por US$ 11 bilhões

Como dois empresários irlandeses quase conquistaram a Nigéria por US$ 11 bilhões

Por Humberto Marchezini


O passo seguinte foi elaborar uma proposta para o Ministério dos Recursos Petrolíferos, o departamento que supervisiona as consideráveis ​​reservas de combustíveis fósseis da Nigéria. P&I.D. construiria a instalação de US$ 500 milhões. A Nigéria canalizaria gás húmido sem qualquer custo para a empresa. Então P.&I.D. iria processá-lo e canalizar o gás pobre sem nenhum custo para o país. Mas, em troca, a empresa reteria os valiosos subprodutos do processo de utilização de gás, como o propano e o butano, que poderia vender com lucro. Se a Nigéria desistisse em qualquer momento antes do prazo total de 20 anos do contrato, poderia ser responsabilizada por danos. Tomado como um todo, parecia um enorme compromisso para a Nigéria, um compromisso que poderia ser encarado com cepticismo quando finalmente chegasse aos olhos dos advogados do ministério.

Nessa época, uma advogada chamada Grace Taiga conseguiu um novo emprego no ministério, como diretora jurídica. Isso foi uma sorte, porque Quinn e Cahill conheciam Taiga há anos, desde que ela estava no Ministério da Defesa e eram empresários que ocasionalmente ganhavam contratos com ela. Por cerca de um ano antes da apresentação da proposta da P.&I.D., Quinn e Cahill enviaram a Taiga e uma de suas filhas pouco mais de US$ 25 mil em pagamentos incrementais. Quinn também levou o colega de Taiga, um funcionário do Ministério chamado Taofiq Tijani, para jantar no Chopsticks, um restaurante chinês em Abuja. O custo daquele jantar foi registrado nos livros contábeis como US$ 2.800. (Um jantar chinês não custa 2.800 dólares em Abuja.) Então, pouco antes de o contrato ser assinado, Cahill enviou outros 5.000 dólares de um banco em Chipre para a conta da filha de Taiga, o que foi codificado como “pagamento de comissão”.

Taiga enviou o contrato ao seu chefe, Rilwanu Lukman, ministro dos Recursos Petrolíferos. Não era muito: 20 páginas de linguagem padronizada, redigidas em papel timbrado com bordas verdes do ministério. Era mais um esboço do que uma proposta totalmente desenvolvida para um acordo multimilionário de gás. Mas Taiga garantiu a Lukman num memorando que seria “um salto em frente” para a Nigéria. Em 11 de janeiro de 2010, Lukman, Quinn e Taiga assinaram seus nomes. O acordo foi feito.

Dias depois, um homem chamado Neil Hitchcock – o único funcionário em tempo integral da P.&I.D. – escreveu a Cahill, dizendo que precisava de US$ 1,5 milhão para começar a limpar o terreno para as instalações. Mas P.&I.D. não tinha US$ 1,5 milhão. O plano era levantar capital para o projeto com base no contrato assinado de 20 anos e depois contratar engenheiros e trabalhadores. Foi assim que sempre agiram na Nigéria.

Em junho, Quinn abriu seu jornal matinal com uma reviravolta indesejável. A empresa de perfuração de petróleo que a Nigéria prometera fornecer o gás húmido decidiu mantê-lo; o gás revelou-se útil para manter a pressão no interior dos poços. Quinn poderia ter pegado o telefone e protestado com seus amigos dentro do governo, mas a maioria deles havia partido. Um novo presidente assumiu recentemente o cargo. Lukman foi substituído. Em fevereiro de 2011, Hitchcock enviou uma mensagem de texto sugerindo que a empresa estava em apuros. “Tendo em vista a rápida deterioração da situação aqui, não vejo outra opção senão liquidar alguns P.&I.D. ativos”, escreveu ele. “Com a sua aprovação, proponho vender o Honda Civic.” Quinn enviou um e-mail ao novo presidente, Goodluck Jonathan, mas seu apelo não deu em nada.



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