A imitação de caviar inventada na década de 1930 poderia fornecer a solução para a poluição plástica, afirma Pierre Paslier, CEO de uma empresa de embalagens com sede em Londres. Notpla. Ele descobriu a alternativa alimentar barata, inventada pela Unilever e feita com algas marinhas, após deixar o emprego como engenheiro de embalagens na L’Oréal.
Com o cofundador e co-CEO Rodrigo García González, Paslier e Notpla ampliaram a ideia, pegando uma proteína feita de algas marinhas e criando embalagens para refrigerantes, fast food, sabão em pó e cosméticos, entre outros produtos. Eles também estão se ramificando em talheres e papel.
“As algas marinhas crescem rapidamente e não precisam de água doce, terra ou fertilizante”, explica Paslier. “Ele captura carbono e torna as águas circundantes menos ácidas. Algumas espécies de algas marinhas podem crescer até um metro por dia.” O melhor de tudo, diz ele, é que as embalagens feitas de algas marinhas são totalmente biodegradáveis porque são inteiramente baseadas na natureza.
Paslier notou uma coincidência surpreendente: Alexander Parkes inventou o primeiro plástico em Hackney Wick, a mesma parte do leste de Londres que, 100 anos depois, Notpla chama de lar. Desde a primeira invenção de Parkes, os resíduos de plástico – especialmente partículas minúsculas conhecidas como microplásticos, que levam centenas ou milhares de anos a decompor-se em moléculas inofensivas – têm causado estragos nos ecossistemas de todo o mundo.
A poluição plástica está a revelar-se especialmente prejudicial no ambiente marinho, onde pequenas partículas de plástico são mortais para os microrganismos vitais que constituem o plâncton e que sequestram 30% das nossas emissões de carbono, “sem que tenhamos de construir novas tecnologias sofisticadas”, diz Paslier. .
Os planos da Notpla para substituir o plástico começaram com um recipiente para bebidas para maratonas. Na verdade, trata-se de um pedaço muito grande de caviar falso – uma pequena bolsa que contém suco ou água que os atletas podem colocar na boca e engolir quando precisarem de reidratação. “Queríamos criar algo que parecesse mais com fruta; embalagens que você pode sentir vêm mais da colheita de algo em uma árvore do que de uma linha de produção”, diz ele.
Paslier mostrou fotos de duas ruas pós-corrida – uma onde o reabastecimento vinha em recipientes de plástico e outra em Notpla comestível. O primeiro estava cheio de garrafas plásticas; o segundo completamente livre de resíduos.
O próximo passo foram os recipientes de comida para viagem. Mesmo os recipientes que consideramos serem de papelão contêm plástico, diz ele, já que a gordura dos alimentos deixaria o papelão comum muito encharcado. Trabalhando com a empresa de entrega Just Eat, a Notpla foi pioneira na substituição das substâncias per e polifluoradas (PFAS), os chamados plásticos “químicos para sempre” que atualmente revestem os recipientes de papelão para viagem. Até encontrou uma forma de adaptar a sua solução à antiga fábrica de PFAS, pelo que não houve necessidade de construir novas fábricas.
A empresa está desenvolvendo sachês solúveis para sabões de detergente, colheres de sorvete e até embalagens de papel para cosméticos. E há muitas algas marinhas para experimentar, ressalta Paslier. “Você não percebe que já está disponível em grande escala”, diz ele. “Está em nossa pasta de dente, em nossa cerveja, em nossos produtos com baixo teor de gordura – portanto, existe uma infraestrutura com a qual podemos trabalhar sem ter que construir quaisquer processos adicionais.”
Este artigo aparece na edição de março/abril de 2024 da COM FIO REINO UNIDO revista.